Do autor :
Alguma da informação adicional que acrescentei á ficha de cada Fado, foi recolhida na Internet, e por isso é susceptível de conter algumas incorreções !
Agradeço por isso,toda a informação correctiva, que me possa ser prestada!
Á beira Tejo
Autor: Jorge Fernando
Música: Jorge Fernando
https://www.youtube.com/watch?v=viZYCQXeR2s
Á beira Tejo, uma gaivota abandonada
Traz o desejo, de encontrar sua morada
Fresca maresia, verde prata, maré alta
Onde a luzia, inspiração amor exalta
Redes ao mar, esperança no ar
Buscamos sorte
Na proa erguido, um Cristo amigo,
Afasta a morte
Sei que este mar, pode acalmar
Ou estar bravio
Posto o afago,um quente trago,
Aquece o frio;
Viver do mar dá que pensar
É dura lida
Vida que o peixe deixa na rede
P'ra nossa vida
Á beira Tejo ergue-se a noite de mansinho
Roubado o beijo, dá-lhe o sol breve carinho
No seu poente, há a promessa doutro beijo
E a gente sente como o ciúme agita o Tejo
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A cruz que te dei
Autor: Alexandre Fontes
Música: Jorge Fontes
https://www.youtube.com/watch?v=Yfl_cx5A9OY
Há quanto tempo não sei
Uma cruz te ofereci
Não é de ouro de lei
Mas amor eu nela vi
Ainda eras menina
Loiras tranças, pouca idade
Mas essa cruz pequenina
Foi para ti, felicidade
Essa cruz, no teu peito pendurada
É a imagem de Jesus
Que tu trazes bem guardada
Essa cruz de madeira pobrezinha
Só a dor ela traduz
Porque é minha, muito minha
Hoje és mulher bem o sei
Tens na vida a ilusão
E aquela cruz pequenina
Está junto ao teu coração
Deus queira que tu a guardes
Pela vida fora querida
Pois sou eu tu bem o sabes
O amor da tua vida
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A história de uma chinela
Autor: Eduardo Damas
Música: Manuel Paião
https://www.youtube.com/watch?v=cBz4cDg5alk
Encontrei uma chinela
Perdida na Mouraria
Fiquei com ela na mão
Para ver se a dona aparecia
Depois vi uns olhos negros
E um sorriso sem vida
Era a dona da chinela
Que andava também perdida
Ela encontrou a chinela
E eu encontrei-a a ela
Na rua do Capelão
Hoje já não está perdida
Encontrou a própria vida
Eu perdi o coração
Naquela estreita viela
Bem no meio da Mouraria
Uma pequena chinela
Transformou a noite em dia
Ó chinela de verniz
De pequenino tacão
Tu andas toda inteirinha
Dentro do meu coração
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A hora é de saudade
Autor: Mário Martins
Música: Fado Alberto (Miguel Ramos)
https://www.youtube.com/watch?v=3OF-tGBE1yc
A hora é de saudade meu amor
Nas longas noites calmas de luar
A noite é do silêncio que se impõe
De tudo o que entristece recordar
A hora é do silêncio meu amor
De tudo o que entristece recordar
O tempo, em que enleados prometemos
Chegar onde ninguém tinha chegado
Mas logo no início dessa estrada
Ficou tudo o que foi imaginado
Parados, estão meus olhos nesta hora
Perdidos no caminho e tão cansados
A recordar o tempo que perdemos
Por caminhar a par, desencontrados
E nada do que fizemos foi pecado
Nada do que dissemos foi verdade
Não é bem desta vida, meu amor
Que qualquer um de nós terá saudade
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Ainda se soubesses que te quero
Autor: Fernando Peres
Música: Fontes Rocha
https://www.youtube.com/watch?v=y-vWzeeQc80
Ainda se soubesses que te quero
Sentisses a vontade de me querer
A noite não seria desespero
Feito desta vontade de te querer
Ainda se soubesses crer em mim
Sentir amor em tantas emoções
E ver-me num qualquer sentir assim
Em vez dum coração, dois corações
Ainda se soubesses que é verdade
No desejo de amor que a noite trás
Sabias que só tenho esta saudade
Que é feita da saudade que me dás
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Amor que não retive
Autor:
Música. Fado José António (quadras)
Por crer em algo diferente
Em algo que nunca tive
Eu quis de ti simplesmente
Um amor que não retive
Nas mágoas da solidão
Em busca doutro destino
Tirei a força á razão
Fiz de ti um ser divino
Mas a vida, sempre a vida
Com seu condão fatalista
Fez de ti mulher perdida
Numa alma de fadista
Naufraguei em negras águas
E bebi rios desditosos
Enchi meu peito de mágoas
Em prantos silenciosos
Emudeci, fiquei louco
Perdido entre os escolhos
Mas que importa, se há pouco
Vi mais amor nos teus olhos
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A minha oração
Autor : Mário Raínho
Música : Fado menor do Porto ( José Joaquim Cavalheiro Jr. )
https://www.youtube.com/watch?v=SIPGGnMyiCQ
Não sou menino de coro
Nunca aprendi a rezar
Mas aprendi este choro
Que a vida me soube dar
Esta mágoa na garganta
Com que canto os meus revezes
Diz o povo que quem canta
Reza sempre duas vezes
Cada verso uma oração
Um padre-nosso rezado
E na minha confissão
Vão as rimas do meu fado
Nunca aprendi a rezar
A erguer os braços aos céus
Mas eu sinto que ao cantar
Estou a conversar com Deus
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A minha rua
Autor: Manuela de Freitas
Música: Fado Alexandrino (Joaquim Campos)
https://www.youtube.com/watch?v=tL1y7jUznSs
Mudou muito a minha rua
Quando o Outono chegou
Deixou de se ver a lua
Todo o trânsito parou
Muitas portas estão fechadas
Já ninguém entra por elas
Não há roupas penduradas
Não há cravos nas janelas
Não há marujos na esquina
De manhã não há mercado
Nunca mais vi a varina
A namorar o soldado
O padeiro foi-se embora
Foi-se embora o professor
Na rua só passa agora
O abade e o doutor
O homem do realejo
Nunca mais por lá passou
O Tejo já não o vejo
Um grande prédio o tapou
O relógio da estação
Marca as horas em atraso
E o menino do pião
Anda a brincar ao acaso
A livraria fechou
A tasca tem outro dono
A minha rua mudou
Quando chegou o Outono
À quem diga, ainda bem
Está muito mais sossegada
Não se vê quase ninguém
Não se ouve quase nada
Eu vou-lhes dando razão
Que lhes faça bom proveito
E só espero pelo Verão
Para pôr a rua a meu jeito
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A noite deu-me uma estrela
Autor : Carlos Macedo
Música : Fado Santa Luzia ( Armando Machado)
https://www.youtube.com/watch?v=Rj40t4b2_xI
Fui á praia ver chegar
A onda que me trazia
Notícias de quem me chama
Fiquei preso á cor do mar
E senti na maresia
O cheiro de quem me ama
Gaivotas bailam ao vento
Num bailado que me diz
Que o nosso amor não tem fim
Pôs-se o sol sem um lamento
A noite chegou feliz
E sentou-se ao pé de mim
A lua estava encoberta
Mas esperei para vê-la
Só pra ver a sua côr
Deixei a praia deserta
A noite deu-me uma estrela
Para dar ao meu amor
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Anda comigo
Autor:
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=cq6g4y5llEM
Anda comigo
Vem por vales e ladeiras
Neste carro tão antigo
Onde cantas as guizeiras
Cheios de graça
Vê quanto garbo e beleza
Há num cavalo de raça
Mas de raça Portuguesa
E lado a lado, até parece
Que vão a bater o fado
Anda comigo
Vamos pela estrada fora
Anda ver a tua terra
Como está bonita agora
Traz o chicote
Dá com ele dois estalos
Que não há espada que valha
O trote destes cavalos
Anda comigo
Porque vais gostar deveras
Por aqui também andaram
Marialvas e Severas
Veste a samarra
Põe o teu chapéu de lado
Traz contigo uma guitarra
E vamos cantar o Fado
Depois dirás, mais uma vez
Como isto é lindo, é Português
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Anjo de Loures
Autor: Júlio Vieitas
Música: Fado Pedro Rodrigues (Pedro Rodrigues)
https://www.youtube.com/watch?v=kehpjNUm6tA
Linda saloia encontrei
Que se sorriu para mim
Tão Portuguesa de lei
Que eu com franqueza não sei
Se há outra saloia assim
Pois andei, ao que parece
Atrás dela todo o dia
Se tipóias ainda houvesse
Para que não a perdesse
Certamente lhe diria
Tu és a mais linda jóia
És a jóia dos amores
Anda cá linda saloia
Mete a trouxa na tipóia
Que eu vou-te levar a Loures
Nuca mais a vi, porém
De não a ver me confranjo
Mas ainda me lembro bem
Dessa saloia que tem
Um rosto formoso de anjo
Se eu não a posso esquecer
Talvez ela não me esqueça
Mas gostava de saber
Como é possível haver
Anjos de trouxa á cabeça
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Anos de Fado
Autor:
Música: Fado Dois Tons (Alberto Costa Lima)
Com tanto Fado cantado
E tanta noite perdida
Tenho mais anos de Fado
Que propriamente de vida
Juntei por ser meu agrado
No meu álbum de afeições
As minhas recordações
Com tanto fado cantado
Passou por mim o passado
Pondo em minha frente erguida
A lembrança apetecida
Dos fados que já cantei
Os amigos que criei
E tanta noite perdida
Os meus anos a teu lado
Ó vida, tu já me apontas
Mas se fizermos as contas
Tenho mais anos de Fado
Por já estar habituado
Na minha fé incontida
De dar-lhe tanta guarida
Tenho mais na minha idade
Anos de Fado e saudade
Que propriamente de vida
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As minhas últimas sextilhas
Autor:
Música: Fado da Azenha (Frederico de Brito – Motorista-Poeta-Compositor-1891-1982)
Como réu das minhas culpas
Só no tribunal de Deus
Eu poderei ser julgado
Vocês, pessoas adultas
Com corpo e alma de ateus
Sabem lá, o que é pecado
A ninguém dou o direito
De me poder condenar
Ou de me negar o céu
Mas se acaso, sem defeito
Alguém me quiser julgar
É mais pecador do que eu
Tendo por lei o egoísmo
Está tão cega a humanidade
Que já não tem coração
E talvez por atavismo
Ninguém vê só por bondade
Alguém dar a outro a mão
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Aquela Boca
Autor: Moita Girão
Música: Fado dos sonhos (Frederico de Brito – Motorista-Poeta-Compositor-1894-1977)
https://www.youtube.com/watch?v=3TwCvCm8eMc
Conheço, como os meus dedos
Os traços daquela boca
Que me beijou tanta vez
Ouvi-lhe tantos segredos
E tanta palavra louca
Em tanta jura que fez
É tão meiga, apetitosa
Tão formosa, sedutora
Cheia de perfume e cor
É a boca mais mimosa
Mas a mais enganadora
A trocar beijos de amor
Não há boca mais travessa
Provocante, sorridente
E atraente, não há
Como eu, quem a conheça
Sabe que essa boca mente
Em cada beijo que dá
Encantadora, sensível
Quando não beija, revela
A forma dum coração
Até parece impossível
Que uma boca como aquela
Não saiba dizer, perdão
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Aquela Igreja
Autor :Marques Vidal
Música : Fado Alberto ( Miguel Ramos )
https://www.youtube.com/watch?v=FgUMnmvN5Gw
Recordo aquele dia em que disseste
Vou á igreja pra falar com Deus
Quis-te fazer surpresa não soubeste
Mas segui nesse dia os passos teus
Porém quando chegaste á capela
Entraste num portal que havia em frente
Segui-te pela escada e ouvi nela
O som de porta aberta de repente
Subi fechou-se a porta que se abrira
Encostei meu ouvido á fechadura
E percebi que tu eras mentira
E o meu amor por ti era loucura
Palavras de carinho e de prazer
De ti da tua voz se desprendeu
Tu tinhas ido ali para vender
O corpo que eu pensava que era meu
Desci a escadaria quem rasteja
Com lágrimas de dor nos olhos meus
E afinal quem foi aquela igreja
Fui eu apenas eu falar com Deus
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Aqui
Autor: Mário Rainho
Música: Fado Varela (Renato Varela – Fadista- 1909-1946 )
https://www.youtube.com/watch?v=kx_PF3pU9VQ
Aqui, em cada Fado há uma flor
No canteiro da alma, de quem canta
Aqui, cada guitarra embala a dor
Quando á noite a saudade se levanta
Aqui, cada poema é gota de água
Que às vezes mata a sede á solidão
Aqui, cada cigarro engana a mágoa
E transforma a tristeza da ilusão
Aqui, toda a distância do passado
Senta-se á minha mesa, de mansinho
Aqui as minhas veias bebem Fado
Que nasce, em cada canjirão de vinho
Aqui, sinto a coragem de ser eu
Ao rir do meu passado, fatalista
Cantando, com a voz que Deus me deu
Aqui, de corpo e alma sou fadista
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Asas
Autor: Maria Luísa Baptista
Música: Fado Georgino (Georgino de Sousa – Viola – 1889-1949)
https://www.youtube.com/watch?v=zZMvHYEBxRo
É no teu corpo que invento
Asas, para o sofrimento
Que escorre do meu cansaço
Só quem ama tem razão
Pra entender a emoção
Que te dou no meu abraço
Eu quero lançar raízes
E viver dias felizes
Na outra margem da vida
Solta os cabelos ao vento
Muda em riso, esse lamento
Apressemos a partida
Aceita o meu desafio
Embarca nesse navio
Rumo ao sonho e ao futuro
Corta comigo as amarras
Que nos prendem como garras
A um passado tão duro
Esquece o tempo e a dor
Pensa só no nosso amor
Vem e dá-me a tua mão
Sobe comigo a encosta
Porque quando a gente gosta
Ninguém cala o coração
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Ausência
Autor: João Linhares Barbosa
Música: Fado das Horas (D. António de Bragança)
https://www.youtube.com/watch?v=xj1U0aQZQoQ
Sabendo que em tua ausência
Prazer algum me conforta
No momento em que saíste
A saudade entrou-me a porta
Andou em volta da casa
Como se ela sua fosse
Chegou pertinho de mim
Puxou um banco e sentou-se
Estavas só, e tive pena
Disse-me então a saudade
Vamos esperar por ela
Podes chorar á vontade
E não me larga um momento
Toda a noite, todo o dia
Enquanto tu não voltares
Não quero outra companhia
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Balada da distância
Autor:
Música: Fado das horas (D. António de Bragança)
Quero um caminho, um lugar
Onde possa estar mais só
Não quero que pises o pó
Que eu pisei ao caminhar
Quero deixar esta saudade
Onde tu não me procures
Eu quero um lugar algures
Onde encontre a felicidade
Quero um sulco sobre o pó
Que não se possa apagar
Quero um caminho, um lugar
Onde possa estar mais só
Quero olvidar a fragrância
Sopro de perfumes finos
Quero ouvir mil violinos
Na balada da distância
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Barco Dourado
Autor: Ana Bourbon
Música: Fado Proença - Júlio Proença – Fadista – 1901-1970
https://www.youtube.com/watch?v=8k1NoD-_vtI
Despedi-me dos teus braços
E nesse mar de sargaços
Deixei meu barco dourado
Barco sonho, fantasia
Que ao nascer de cada dia
Estava ancorado a meu lado
Há que viver por alguém
Todo o sol que a vida tem
Com toda a noite de um fado
Sem ti morro de saudade
Só me resta na verdade
No mar um barco dourado
E quando um dia partiste
A vida ficou mais triste
Maré cheia de sargaços
Na solidão que senti
Encontrei o que perdi
Na saudade dos teus braços
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Beijo roubado
Autor:
Música: Fado da Freira / Fado Oliveira (Casimiro Ramos – Guitarrista – 1902-1973
Ando triste e pensativo
Trago um desgosto comigo
Desde aquela ocasião
Em que eu te roubei um beijo
E tu num falso desejo
Me acusaste de ladrão
Eu que sempre fui honrado
Ao ver meu nome manchado
Pelo teu sentir atrevido
Jurei, para me vingar
Nunca mais em ti pensar
Mas não me sais do sentido
Por te olvidar eu me esforço
Mas não me deixa o remorso
Da falta que pratiquei
E creio só sossegar
Se um dia te puder dar
O beijo que te roubei
Nesse dia hei-de mostrar
Que não sou ladrão vulgar
Ou caloteiro em apuros
Pois é meu maior desejo
Pagar do roubado beijo
O capital e os juros
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Boa noite solidão
Autor: Jorge Fernando
Música: Fado Carlos da Maia (sextilhas) Carlos da Maia – Guitarrista- 1878-1921
https://www.youtube.com/watch?v=8Q88I6mR0dQ
Boa noite, solidão
Vi entrar pela janela
O teu corpo de negrura
Quero dar-me á tua mão
Como a chama de uma vela
Dá a mão á noite escura
Os teus dedos solidão
Despenteiam a saudade
Que ficou no lugar dela
Espalhas saudades pelo chão
E contra a minha vontade
Lembras-me a vida com ela
Só tu sabes solidão
A angústia que traz a dor
Quando o amor a gente nega
Como quem perde a razão
Afogámos nosso amor
No orgulho que nos cega
Com o coração na mão
Vou pedir-te sem fingir
Que não me fales mais dela
Boa noite solidão
Agora quero dormir
Porque vou sonhar com ela
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Boneca de Porcelana
Autor: António Rocha
Música: Fado Três Bairros (Casimiro Ramos – Guitarrista – 1902-1973)
https://www.youtube.com/watch?v=ACvY7EYK8OI
Boneca de porcelana
Chamei-te um dia a brincar
Talvez por louco me tomem
Qualquer pessoa se engana
Errei por tal te chamar
Errar é próprio do homem
Como jóia de valia
Peça da mais rara arte
Ou coisa de estimação
Coloquei-te nesse dia
Num lugar que tenho á parte
Dentro do meu coração
Afinal, és o contrário
E eu pobre louco não via
Que és objecto comum
Peça de barro ordinário
Não passas de fantasia
Coisa sem valor algum
Mesmo assim, vivo pensando
Que apenas quero viver
Para este amor que te dou
Sei que contínuo errando
Errar continua a ser
Próprio do homem que eu sou
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Cabelo Branco é saudade
Autor: Henrique Rego
Música: Fado das Hora ( D.António de Bragança)
https://www.youtube.com/watch?v=-1tBfjzIP50
Amar demais é doidice
Amar de menos, maldade
Rosto enrugado é velhice
Cabelo branco, é saudade
Saudades são pombas brancas
A que nós damos guarida
Paraíso de lembranças
Da mocidade perdida
Se a neve cai ao de leve
Sem mesmo haver tempestade
E o cabelo cor da neve
Às vezes não é da idade
Pior que o tempo em nos pôr
A cabeça encanecida
São as loucuras de amor
São os desgostos da vida
Para o passado não olhes
Quando chegares a velhinho
Porque é tarde, e já não podes
Voltar atrás ao caminho
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Cantar é desabafar
Autor : Mário Raínho
Música : Paco Gonzalez
https://bocaslindas.blogspot.pt/search/label/*Cantar%20%C3%A9%20desabafar
A minha voz cantou p'ra não chorar
Porque a saudade dói, quando acontece
Ás vezes, cantar é desabafar
E o fogo que há em nós, quase arrefece
A minha voz cantou dum jeito terno
Numa oração sentida onde quisera
Alcançar o final dum longo inverno
Florir num novo fado em primavera
A minha voz cantou a noite inteira
Para afastar de mim, a solidão
Que teimou em ficar á minha beira
A envelhecer meu tonto coração
A minha voz cantou um outro fado
Marcado pelo tom da despedida
E mal se despedia do passado
Voltaste tu de novo á minha vida
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Caravela da Saudade
Autor: Carlos Zamara
Música: Fado Esmeraldinha (Júlio Proença – Fadista – 1901-1970)
https://www.youtube.com/watch?v=1q7Etx533_Y
Nos tempos, em que o mar era um segredo
Desafiando a própria tempestade
Alguns heróis partiram sem ter medo
Na dócil caravela da saudade
E já no alto mar, longe da barra
Rodeados pela fé, de lés-a-lés
Havia sempre um choro de guitarra
E o soluçar de um fado no convés
A caravela em mágoas afundou-se
E a guitarra seguindo as marés cheias
Chorando de onda em onda, transformou-se
Nesse cantar lendário das sereias
E hoje, ao lembrar tanta heroicidade
Quando soluça e geme, uma guitarra
Sente-se a caravela da saudade
Chegar ao coração, e entrar na barra
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Champanhe Saloio
Autor: Maria Laura Madeira
Música: Fernando Rebocho Lima
Atum com batatas, ao meio da adega
Castanhas assadas, conversa animada, se o champanhe chega
Saloio de gema, usa o mesmo lema da uva que o dá
Seja branca ou tinta, tem aquela pinta, e o pico lá está
Champanhe saloio
Já não pede apoio
Já sabe o que faz
Pelo S.Martinho
Mais novo que o vinho
Já ele é rapaz
Tem nome de povo
Sempre alegre e novo
Como o povo é
Boa companhia
É uma alegria
A nossa água-pé
Companheiro amigo, se não for verdade
Aquilo que eu digo, dá-me por castigo, a tua saudade
Tão longe mourejas, mas onde tu estejas, há-de estar também
Sei lá com que custo, aquele magusto, que a gente cá tem
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Chuva
Autor: Carlos Rocha
Música: Fado-Marcha de Manuel Maria (Manuel Maria – Fadista – 1855-1936)
https://www.youtube.com/watch?v=pXsAkSBPjsI
Ao ver a chuva cair
Sinto vontade de rir
E recordo a ocasião
Em que de chapéus erguidos
Ia-mos tão distraídos
Que te dei um encontrão
Não sei se foi minha a culpa
Mas sei que pedi desculpa
Ao ver que estavas zangada
E quando em mim reparaste
Eu vi logo que gostaste
Desta cara descarada
Apertei-te docemente
Quando a chuva inclemente
Nos levou para um portal
Foram minutos de espera
A gerar uma quimera
Que nos fez esquecer o mal
E essa chuva que caía
Cada vez mais forte e fria
Nossas almas aqueceu
Por isso me rio agora
E bendigo aquela hora
Em que a chuva nos prendeu
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Cinzas do passado
Autor:
Música: Fado Varela (Renato Varela – Fadista – 1909-1946)
Não tornes a bater àquela
Quando por lá passares á minha rua
Se o nosso amor morreu, o que te importa
A vida que lá mora não é tua
Não queiras recordar o que esqueceu
Nem levantes o véu, tu tem cuidado
O amor que te tinha, já morreu
Deixa voar as cinzas do passado
Nem voltes a falar no que jurámos
Naquela tarde a sós, em sonho ardente
Por promessas e beijos que trocámos
Viver um só amor eternamente
Nem digas que esse amor anda perdido
Esquece a nossa vida de desejos
Meu pobre coração já está esquecido
Não se lembra de ti, nem dos teus beijos
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Ciúmes da saudade
Autor: Manuela de Freitas
Música: Fado Tia Dolores (José António Sabrosa – 1915-1987 )
https://www.youtube.com/watch?v=I-rWfF_5lh8
Se não matas a saudade
Quando morres de vontade
De pôr á saudade fim
É talvez porque preferes
Ter da saudade o que queres
E não me pedes a mim
A saudade em que me deixas
É penhor das minhas queixas
Por não dizeres a verdade
Bastava que me pedisses
De cada vez que me visses
O que pedes á saudade
O que dás se me não vês
Não consigo que me dês
Por timidez ou vaidade
E a saudade que vais tendo
Com ela vives morrendo
Pra me matar de saudade
Talvez seja o que tu queres
E é por isso que preferes
A saudade em vez de min
Morrendo os dois de saudade
Temos toda a eternidade
Para pôr á saudade fim
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Confissão
Autor: Domingos G. Costa
Música; Marcha de Alfredo Marceneiro
Ó minha mãe, santa e bela
Perdoa-me se te desgosta
A minha resolução
Mas eu não gostava dela
E a gente quando não gosta
Não engana o coração
Das coisas mais sublimes
É ter no peito um cantinho
Onde guardar nossa dor
E um dos mais graves crimes
É aceitar um carinho
Pagando com falso amor
Ó minha mãe, não a quero
São santos os teus esforços
Mas a minha vida é assim
Não a querendo sou sincero
E não sentirei remorsos
De a ver perdida por mim
Ó minha mãe, vais saber
A causa do meu desgosto
Que me faz pensar assim
É porque eu ando a sofrer
Por outra de quem eu gosto
E que não gosta de mim
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Corrida de toiros
Autor: Nóbrega e Sousa
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=Ix1YMSc1fCY
Naquelas praças douradas
Sempre beijadas
Pelo sol mais quente
Cavalos, toiros e alma
Turvam a calma
Daquela gente
Saiu o toiro matreiro
E o cavaleiro
Com ligeireza
Num curto bem á estribeira
Crava á maneira
Bem Portuguesa
Ressoa o grito do clarim na praça á cunha
Eh boi, Eh boi, Eh boi á unha
Depois da péga magistral o mesmo grito, olé, olé
Levanta a nossa alma ao infinito
Ensaia o toureiro a sorte
E abre o capote
Que na faena
Parece um lírio vermelho
No oiro velho
Do chão da arena
E o toiro de boa raça
Solto na praça
Rende-se á arte
E a lide tem mais grandeza
Porque há nobreza
De parte a parte
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Cravo de S.João
Autor: Aníbal Nazaré
Música: Martinho de Assunção
https://www.youtube.com/watch?v=x9jT_X1yomc
Quando a vi ela trazia
Bem juntinho ao coração
Como um hino de alegria
Um cravo de S. João
Passou por mim apressada
Da primeira vez que a vi
Achei a moça engraçada
E nunca mais a esqueci
Vinha bonita
No seu vestido de chita
Tinha uma graça infinita
Tinha um ar bem português
O meu olhar
Pousou nela como um beijo
E fiquei com o desejo
De a encontrar outra vez
Fez-me o destino a vontade
Novamente a encontrei
Mas para falar a verdade
Que diferença eu lhe achei
Elegante no trajar
De luxo e ostentação
E uma orquídea no lugar
Do cravo de S. João
Vinha elegante
Num vestido extravagante
E tinha um ar petulante
Que cheirava a perdição
Naquela orquídea
Sua vida se resume
Porque perdeu o perfume
De um cravo de S. João
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Cuidado com ele
Autor:
Música: Fado Mouraria ( popular )
Aos amigos duvidosos
Não digas mal de ninguém
Pois mal tu voltas as costas
Dizem mal de ti também
Nunca, em qualquer discussão
Nos teus momentos fogosos
Abras o teu coração
Aos amigos duvidosos
Com certos degenerados
Que fingem querer-te bem
Toma sempre mil cuidados
Não digas mal de ninguém
Quantos, da arte velhaca
Que tu preferes e gostas
Te cortam bem na casaca
Assim que voltas as costas
Quem for teu amigo, prove
Só tens um em cada cem
E os outros noventa e nove
dIzem mal de ti também
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Dança de volta
Autor: Luís de Macedo
Música: Fado Bailarico (Alfredo Duarte Júnior – Fadista – ? - 1982 )
Fado Lopes (Mário José Lopes – Guitarrista - ? – 1960 )
https://www.youtube.com/watch?v=vPeWS5HxolE
Fado Bailarico
Entrei na dança de roda
Mas não cheguei a dançar
Enganei todas as voltas
Não me deixaram ficar
Fado Lopes
Desci por não ter mais forças
Às águas verdes sem fundo
Mesmo que voltem as forças
Não quero voltar ao mundo
Entrei na dança e pedi
A alguém que fosse o meu par
Não falei senão de ti
Não me deixaram ficar
Desci por não ter mais forças
Às águas verdes do lago
Mesmo que voltem as forças
Não voltarei a ser escravo
Entrei na dança contente
De poder enfim dançar
Quando virar quem eu era
Não me deixaram ficar
Desci por não ter mais forças
Às águas verdes sem fim
Mesmo que voltem as forças
Não me separo de mim
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Dá tempo ao tempo
Autor: António Campos
Música: Joaquim Pimentel
https://www.youtube.com/watch?v=LbI0OCiNN7Y
Nunca pensei
Depois de tanta amizade
Ficasse tanta maldade
Escondida no teu peito
Nunca pensei
Mas teu dia há-de chegar
E por certo hás-de pagar
Por todo o mal que tens feito
Dá tempo ao tempo
Ri enquanto tens vontade
Talvez um dia a saudade
Não te deixe rir assim
Dá tempo ao tempo
Que o tempo corre e não cansa
E eu não perdi a esperança
De te ver chorar por mim
Pouco me importa
O que dizes, e o que pensas
Nem faço caso às ofensas
Que vives fazendo á toa
Tenho a certeza
Que esse teu riso atrevido
Há-de um dia ser vencido
Porque o tempo não perdoa
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Degraus da vida
Autor: Moisés Campelo
Música: Mário Lopes
https://www.youtube.com/watch?v=yfQ7aFboVs4
Sobre os degraus desta vida
Andavas como perdida
Em busca de uma afeição
E eu, mulher resolvi
Talvez por gostar de ti
Levar-te pela minha mão
Depois, amei-te e tão louco
Fiz-te esquecer pouco a pouco
As horas más que passaste
E pelo meu braço forte
Subiste os degraus da sorte
Mas logo me abandonaste
Esses degraus
Que subiste á minha custa
Foram a prova mais justa
Do meu amor podes crer
Esses degraus
Não te queiras iludir
Tanto servem para subir
Como servem para descer
Na vida há certos degraus
Que são falsos, que são maus
E tu tens que os pisar
Por isso toma cuidado
Pois já não tens a teu lado
Meus braços para te amparar
Mas se algum dia voltares
A cair, e me encontrares
Não temas o meu rancor
Volta que eu ainda sou
O mesmo que te amparou
E te ofereceu seu amor
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Depois de um beijo que me deste
Autor: Maria Margarida Castro
Música: Fado da Azenha (Frederico de Brito- Motorista-Poeta-Compositor-1894-1977)
https://www.youtube.com/watch?v=tAUm2PYhZTg
Outros amores já tiveste
Maiores talvez do que este
Mas uma coisa eu sei bem
Depois que um beijo me deste
Todos os outros esquecestes
E a quem os deste também
Um dia para me esquecer
Amarás outro qualquer
Mas teu mal não terá fim
Podes amar quem quiseres
Que em cada beijo que deres
Hás-de lembrar-te de mim
Aos outros a quem amares
É melhor, beijos não dares
Para não sofreres o castigo
De em mim nem sequer pensares
Mas sentires quando os beijares
Que os atraiçoas comigo
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Desejos
Autor:
Música: Fado Rosita (Joaquim Campos – Fadista – 1911-1981)
Nem que te desse mil beijos
Noite e dia sem parar
Eu mataria o desejo
Que tenho de te beijar
Nem esse olhar sedutor
Que incendeia meus desejos
Perderia o seu esplendor
Nem que te desse mil beijos
Se a tua boca gentil
Fosse berço dos meus beijos
Nem mesmo que te desse mil
Eu mataria os desejos
Vou aguardar o ensejo
E quando a hora chegar
Eu vou matar o desejo
Que tenho de te beijar
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Deste-me o nome de vida
Autor:
Música: Fado Zé Negro (Amadeu Rami- Viola – 1904-1991)
Deste-me o nome de vida
E no velho cais da cidade
Disse-te adeus e parti
Na hora da despedida
A vida deu-me a saudade
E o cais encheu-se de ti
Nome de vida imperfeita
De percorrer as vielas
Dos velhos bairros á toa
Nome de vida desfeita
Das ilusões puras, belas
Triste destino, Lisboa
Por isso, agora Lisboa
A sombra do meu passado
Tem esta forma bizarra
A forma de uma canoa
Que o Tejo chora o teu Fado
Nas cordas de uma guitarra
--------------------------------------------------
Dizem-me coisas de alguém
Autor : Viriato Freitas
Música : Fado Lopes (Mário José Lopes)
https://www.youtube.com/watch?v=FlGZ2ssUGW8
Era tão novo o amor
Nessa boca de criança
Como era rubro o calor
Daquela manhã de esperança
Lá vai na esterira das águas
A folha seca de verão
Vai na certeza das mágoas
Do rio do meu coração
Nas pedras daquele outeiro
Encontrei uma donzela
Deu-me o seu amor inteiro
O que será feito dela
Dizem-me coisas de alguém
E dizem coisas de mim
Oh. Deus como fazes bem
Deixar-me ficar assim
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Divina do Amor
Autor: Mário Rainho
Música: Fado Britinho (Frederico de Brito – Motorista-Poeta-Compositor- 1894-1977)
https://www.youtube.com/watch?v=ZBi_WFwYHyg
Oh. Divina do amor
Amante, mulher, irmã
Senhora, amiga do lar
O teu rosto é uma flor
Orvalhadas pela manhã
Que a minha voz quis cantar
Oh. Divina do amor
Minha razão de viver
A ternura a cada instante
Quem te deu esse esplendor
Que me dá gosto de ser
O teu amor, teu amante
Minha menina crescida
Que Deus quis pôr a meu lado
Com irmã da minha dor
Por ti é que existe a vida
Por ti eu canto este fado
Oh. Divina do amor
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Duas promessas
Autor:
Música: Fado Pedro Rodrigues (sextilhas) (Pedro Rodrigues – Fadista e Guitarrista)
Havia festa na aldeia
Procissão e arraial
Com bailarico depois
Na linda capela cheia
De promessas, e por sinal
Muita gente, e nós os dois
Fomos ver a procissão
E quando no seu andor
Passou a Virgem-Maria
Fizemos com devoção
Nossas promessas de amor
E fomos prá romaria
Á Virgem Santa, pedi
Senhora, dai-nos guarida
Ao nosso amor puro e forte
E baixinho prometi
Amar-te por toda a vida
Adorar-te até á morte
Não sei o que prometeste
Só sei que na fé ardente
Que fizeste olhando o céu
Tanta ternura puseste
Que o nosso amor inocente
Caiu na graça de Deus
Vai a correr á ermida
Á Virgem, pagar depressa
Para não seres pecadora
Que eu levarei toda a vida
Para pagar a promessa
Que fiz a Nossa Senhora
-----------------------------------------------
Elegia de Amor
Autor: Teixeira de Pascoaes
Música. Fado Nóquinhas (Fernando de Freitas – Guitarrista – 1913-1988)
https://www.youtube.com/watch?v=hhdfmYPZY28
O meu amor por ti
Meu bem, minha saudade
Ampliou-se até Deus
Os astros alcançou
Beijo o rochedo e a flor
A noite, a claridade
São estes sobre o mundo
Os beijos que te dou
Todo eu fico a cismar
Na louca voz do vento
Na atitude serena
E estranha duma serra
No delírio do mar
Na paz, no firmamento
E na nuvem que estende
As asas sobre a terra
Vivo a vida infinita
Eterna, esplendorosa
Sou neblina, sou ave
Estrela azul sem fim
Só porque um dia tu
Mulher misteriosa
Por acaso talvez
Olhaste para mim
------------------------------------------
Encontro e solidão
Autor: António Calém
Música: Fado Triplicado ( José Marques “O Piscaralete” – 1899-1967 )
https://www.youtube.com/watch?v=yjMO3tPOifw
Dão-me tudo o que me negas
E nessas tuas entregas
Só encontro solidão
Todo o mundo se abre em flor
Mas em mim floresce a dor
Da tua separação
Todos me dão um abraço
Mas sinto apenas o espaço
Em que tu foges de mim
Todo este verão é de frio
Pra lá da dor corre um rio
Sem ter princípio nem fim
Salvam-se os sonhos vividos
Em que os meus cinco sentidos
Viviam junto de ti
Hoje só resta o luar
Uma onda azul no mar
E uma praia que perdi
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Enigma
Autor: Domingos Gonçalves Costa
Música: Fado Zé Negro ( Amadeu Rami – 1904-1991 )
https://grooveshark.com/#!/s/Enigma/4CV2Eh?src=5
Das horas perco a noção
Assim que a noite declina
Prá madrugada chegar
Envolto na escuridão
Procuro sempre uma esquina
Só para te ver passar
Quero dizer que te amo
Mas qual sombra fugidia
Passas por mim, descuidada
Quando a tua imagem chamo
Á luz divina do dia
És tudo sombra e mais nada
Por isso, sem que afoite
Em passar de noite á rua
Onde em má hora te vi
Procuro as sombras da noite
E então escondido da lua
Eu canto pensando em ti
Quem sou, quem és, não importa
Eu sou mais um que suporta
Um amor inconfessado
E tu com esse amor esquivo
Serás o doce motivo
Que me inspirou esse fado
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Era assim o Fado
Autor:
Música: Fado Corrido
Como ele era antigamente
Segundo ouço contar
Assim gostava do Fado
E gostava de o cantar
Aquelas tardes doiradas
Sol e toiros, tão garridas
Aquelas noites perdidas
Nas tascas mais afamadas
Ouvia-se as desgarradas
Á luz da lua, somente
Mas tinha um sabor diferente
O Fado, a canção vadia
O Corrido, o Mouraria
Como ele era antigamente
Então sim, então seria
Fadista por condição
Ousado, sem ser brigão
Boémio, sem ser rufia
Com arrojo e valentia
Bravos toiros dominar
Belas mulheres conquistar
Com arte, sem ser vaidoso
Como o grande Vimioso
Segundo ouço contar
Alta noite, a horas mortas
Nessas bizarras tipóias
Com fidalgos e rambóias
Ir até fora de portas
Cantar o fado nas hortas
E em tascas que deram brado
Com mais respeito escutado
Muito diferente de agora
Assim, fadistas de outrora
Assim, gostava do fado
Ao reviver o passado
E a história do Fado antigo
Gostava de o ter cantado
Gostava de o ter vivido
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Escrevi teu nome no vento
Autor: Jorge Rosa
Música: Fado Carriche (Raúl Ferrão – 1890-1953 )
https://www.youtube.com/watch?v=GNgYRor8_s4
Escrevi teu nome no vento
Convencido que o escrevia
Na folha de um esquecimento
Que no vento se perdia
Ao vê-lo seguir envolto
Na poeira do caminho
Julguei meu coração solto
Dos elos do teu carinho
Pobre de mim, não pensava
Que tal e qual, como eu
O vento se apaixonava
Por esse nome, que é teu
Em vez de ir longe levá-lo
Longe, onde o tempo o desfaça
Anda contente a gritá-lo
Onde passa, e a quem passa
E quando o vento se agita
Agita-se o meu tormento
Quero esquecer-te, acredita
Mas cada vez, há mais vento
--------------------------------------------------
Esta noite não
Autor: Jorge Fernando
Música: Fado Amora (Joaquim Campos – Fadista – 1911-1981)
https://bocaslindas.blogspot.pt/search/label/*Esta%20noite%20n%C3%A3o
Amanhã, quando acordar
Poderei ser coisa pouca
Ou talvez traço de boca
Ainda por desenhar
Ser algo entre os escolhos
Que se procura salvar
Ou então, ser dos teus olhos
Um jeito triste de olhar
Poderei ser folha morta
Sem nunca tombar ao chão
Ou trinco velho de porta
Que só abre á tua mão
Poderei ser a razão
De um poema feito a esmo
Porém esta noite não
Porque ainda sou o mesmo
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Estrela que se apaga
Autor: Jorge Fernando
Música: Fado Alvito (Jaime Santos – 1909-1982)
https://www.youtube.com/watch?v=eWDK0SqmrHw
Tenho as estrelas por telha
O meu tecto, um velho barco
Por paredes, a maresia
E tenho o arco-da-velha
Como se a velha e o arco
Me fizessem companhia
O corpo já não reclama
Os colchões, de pedra dura
A que está habituado
Mas por dentro, há uma chama
Que arde viva e segura
No meu sangue revoltado
Quando bate o vento aflito
Contra os vidros da janela
Do quarto que não conheço
Sópro para o infinito
Apago a última estrela
Logo depois, adormeço
-------------------------------------------
Eterna Amizade
Autor : Linhares Barbosa
Música : Fado Tango ( Joaquim Campos )
https://www.youtube.com/watch?v=fAVSFsrt3kI
Pelas mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos de então
Hoje como está velhinha
É ela que anda pela minha
Faço a minha obrigação
Quase que perdeu o tino
Pobre mãe como mudou
Que coisas há no destino
Eu agora é que lhe ensino
Tudo o que ela me ensinou
Toda a radiosa alegria
Na sua alma é defunta
Ela que tudo sabia
E que tudo me dizia
Hoje tudo me pergunta
Agora só peço a Deus
Que neste mundo de escolhos
Quando ela for para os céus
Seja eu quem feche os olhos
Àquela que abriu os meus
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Fado do cartaz
Autor: Manuel de Andrade
Música: Marcha de Marceneiro (Alfredo Marceneiro – Marceneiro-Fadista- 1891-1982)
https://www.youtube.com/watch?v=Gjv-dtfqiGk
Numa tasca bem castiça
Com paredes de caliça
Um cartaz se destacava
Foi uma grande tourada
Disse da mesa avinhada
O campino que ali estava
De manhã, o sol rompia
E já ao longe se ouvia
Os foguetes a estalar
Veio a tarde sorridente
Foi aos toiros toda a gente
Estava a praça a abarrotar
O Simão, alegre e vivo
Crava seis ferros ao estribo
Num toiro dos de Bandeira
Mascarenhas, meia praça
Cita com a fina graça
Desse Marquês de Fronteira
Depois, vem Mestre João
Que arrancou grande ovação
Com o seu novo tourear
E num toiro de Salgueiro
Foi Ricardo, o cernelheiro
Jorge Duque, a rabujar
Quando o campino acabou
Toda a gente reparou
Que estava quase a chorar
Ficou na tasca castiça
Destacado entre a caliça
Um cartaz pra recordar
----------------------------------------
Fado da saudade
Autor: Fernando farinha
Música: Fado Meia-Noite (Filipe Pinto? – Renato Varela?)
https://www.youtube.com/watch?v=8m1i4TL8LDM
Às vezes, é um disfarce
O ódio que a gente sente
É a saudade a lembrar-se
De quem se esquece da gente
Há quem queira mascarar-se
Com risos de felicidade
O riso, não é verdade
Às vezes, é um disfarce
Quando o amor se mostra ardente
Não julgues ter mais valor
Às vezes tem mais amor
O ódio que a gente sente
Quase sempre o criticar-se
Alguém a quem se quis bem
Não é ódio, nem desdém
É a saudade a lembrar-se
Tudo é simples e aparente
Mas a maior crueldade
É nós sentir-mos saudade
De que se esquece da gente
-----------------------------------------------------
Fado da vendedeira
Autor: Aldina Duarte
Música: Fado-Marcha de Manuel Maria (Manuel Maria- Fadista – 1855-1936)
https://www.youtube.com/watch?v=tfUgMk-DWy8
Vendedeira que apregoas
Entre tantas coisas boas
Uma vida de cansaço
Rua abaixo, rua acima
Ligeireza de menina
Com vaidade no teu passo
Hoje fruta, amanhã flores
Ao sabor dos teus amores
Tua voz, tu vais moldar
Ora triste, ora contente
Se a falar, ficas diferente
Não te negas a mostrar
No Inverno és calor
Com certeza, sem favor
Nunca paras com o frio
O teu lenço cai no xaile
Como quem dança no baile
Num perfeito desvario
Na cintura, bem marcado
Em teu colo pendurado
O avental é um carinho
A brilhar por tanta rua
A saudade é toda tua
Quando mudas de caminho
---------------------------------------------
Fado dos sonhos
Autor: Frederico de Brito
Música: Frederico de Brito (Motorista-Poeta-Compositor- 1894-1973)
https://fadinho.blogspot.pt/2007/10/ouvir-fado-dos-sonhos.html
Quer alegres, quer tristonhos
Não há nada como os sonhos
Que me trazem encantado
E que coisa singular
A gente vê a sonhar
O que não vê acordado
Tive dum sonho, o clarão
Sonhei que o teu coração
Para outro peito partiu
Fiquei cheio de surpresa
Mas depois tive a certeza
Que o sonho não me mentiu
Sonhei que tinhas morrido
Fiquei muito convencido
Só por ter sonhado assim
Tive um desgosto profundo
Não morreste para o mundo
Mas morreste para mim
----------------------------------------------
Fado Livre
Autor: Miguel Novo
Música: Fado Rosita (Joaquim Campos – fadista – 1911-1981)
https://www.youtube.com/watch?v=Z1_F37v2xUw
Não ser livre, não consigo
Por isso já decidi
Se não for livre contigo
Vejo-me livre de ti
Amo-te á minha maneira
Não sei se é crime ou castigo
Mas por muito que eu te queira
Não ser livre, não consigo
Deus me livre de trocar
A liberdade por ti
És livre de não gostar
Por isso já decidi
O risco de te perder
É preço de maior perigo
Deus te livre de eu te querer
Se não for livre contigo
Ao escolher a liberdade
Sabendo que te perdi
Sem me livrar da saudade
Vejo-me livre de ti
Não me livro da saudade
Mas fico livre de ti
-----------------------------------------------
Fado Pechincha
Autor:
Música: Fado Pechincha (João do Carmo Noronha – Guitarrista- 1878-1958)
https://www.youtube.com/watch?v=KXjZv-L2iIk
Não te sigo pra voltar
Aos tempos que já lá vão
É o prazer de pisar
A tua sombra no chão
Na dor forte em que mergulho
Hei-de alcançar o meu fim
Destruindo o teu orgulho
Para que te lembres de mim
Num impulso abrasador
Fogo de alma sempre aceso
Lançarei o meu rancor
Por cima do teu desprezo
Parece incrível, parece
Mas é certo, infelizmente
A gente nunca se esquece
De quem se esquece da gente
-----------------------------------------------
Fado Presente
Autor:
Música: Fado Alfacinha
Se a saudade é mãe do Fado
Minha mãe não me atormente
A saudade é só passado
Não tem futuro, ou presente
Minha mãe o meu passado
É fonte de amargura
Não canto mais esse fado
Sem amor e sem ternura
Porque me ouve cantar
Não me suponha mentir
Não canto só pra chorar
Eu canto para sentir
Sentindo canto a verdade
Neste meu fado presente
Sem passado e sem saudade
O Fado dá vida á gente
-----------------------------------------------
Fado Sagitário
Autor: Manuela de Freitas
Música: Fado das Horas ( D. António de Bragança )
https://www.youtube.com/watch?v=sV-VNzyYEv4
Se foi Deus que quis assim
Nem tu sabes, nem eu sei
Mas tenho-te presa a mim
Por tudo o que não te dei
Se eu te desse o que tu queres
Quem sabe, se nesse dia
Depois de tu me prenderes
Eu nunca mais te prendia
E se me queres, como sou
Não me faças prisioneiro
Não te daria o que dou
Se me desse por inteiro
Só posso dar-te o que dou
Porque não me dou inteiro
E por muito que te queixes
Só espero que tu entendas
Que prefiro que me deixes
A deixar que tu me prendas
Bem sei que é contradição
Eu pedir-te liberdade
Sabendo que a condição
É ficar preso á saudade
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Gosto do fado gingão
Autor:
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=248uQHtS-3I
Guitarras, mulheres e vinho
São as três coisas mais belas
Tenho por elas carinho
Ao pé de mim quero vê-las
Gosto do fado da tasca
Com bela sardinha assada
E cantar um fado rasca
Pra toda a rapaziada
Gosto do fado gingão, bem rufião, que dê nas vistas
E de falar o calão, todo pimpão, com os fadistas
Cantar o fado pra mim, foi sempre assim, do meu agrado
Não tenham pena de mim, fui sempre assim, amante do fado
Sem tatuagens no peito
Fiz do fado o meu destino
E canto assim a meu jeito
Desde os tempos de menino
Eu sou fadista de raça
Vivo amarrado ao passado
Por mim o fado não passa
Sou eterno como o fado
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Guitarras de Lisboa
Autor: Artur Ribeiro
Música: Alírio Covas
https://www.youtube.com/watch?v=zkRNGfHip3U
Guitarras atenção cantai comigo
Calai o vosso pranto
Trinai como lhes digo, trinai
Guitarras, desta vez sem ar magoado
Trinai este meu canto
Que é vosso este meu fado
Guitarras de Lisboa, noite e dia
Trinando nas vielas do passado
Guitarras, que dão voz á Mouraria
E vão falar a sós, com a saudade
Guitarras de Lisboa, são meninas
Brincando nas esquinas do passado
Dentro de vós ressoa
A voz do próprio fado
Guitarras de Lisboa, obrigado
Guitarras são iguais nossos revezes
Iguais nossos tormentos
São ais nossos lamentos, são ais
Guitarras, mas também quando é preciso
Sabemos muito bem
Que a dor pode ser riso
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Jardim abandonado
Autor: Fezas Vital
Música: Fado Acácio (Acácio Gomes da Silva)
https://www.youtube.com/watch?v=k4ULoXJg8fE
Um dia será assim
Deixarás esse jardim
De encontro há noite fechada
Procurarás outro mundo
Mais distante, mais profundo
Onde encontres madrugada
E no ao longe que nem sei
O sonho que em ti sonhei
Será só recordação
E eu ficarei sozinho
Percorrendo o meu caminho
No jardim da solidão
Nunca mais verei o dia
Onde era tudo alegria
Onde era só Primavera
No jardim abandonado
Vejo uma sombra a teu lado
A sonhar a tua espera
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Maria morena
Autor : Francisco Radamanto
Música :
https://www.youtube.com/watch?v=2aRTde0Lq1c
Maria morena Maria mas que enlevo o teu
Nessa água-furtada onde um sonho está perto do céu
Maria dos olhos mais negros que poços sem fundo
Morena do olhar com mais luz que existe no mundo
Que sonhas Maria morena que andas a sonhar
Vê bem que és mulher e o destino te fez para amar
Dessa água-furtada Maria aprende a descer
E na melodia de um cantar de amor começa a viver
A vida tem rosas morena e há beijos de mel
Cantigas bonitas que enfeitam cravos de papel
Há sol e há esperança há sorrisos eu bem os abranjo
Maria morena olha a vida não queiras ser anjo
Dessa água-furtada Maria aprende a descer
Que a vida te espera morena começa a viver
A luz dos teus olhos eu quero prá luz do meu dia
Há muito que espero meu sonho de amor morena Maria
Meu sonho de amor morena Maria
Meu sonho de amor morena Maria
--------------------------------------------------------------------------------
Moreninha da travessa
Autor: Jorge Rosa
Música: Fado Vadio (Jaime Santos)
Moreninha da travessa
Que atravessa a minha rua
Apenas por culpa sua
Penas minha alma atravessa
Onde vai assim depressa
Porque atravessa a correr
Fugindo a que a quer ver
Onde vai com tanta pressa
Qualquer dia ainda tropeça
Nessa pressa de fugir
Tropeça e pode cair
Veja lá não caia nessa
Mas se cair, lhe aconteça
Pra se livrar de embaraços
Veja se cai nos meus braços
Moreninha da travessa
-----------------------------------------------
Morreu um poeta
Autor: Rui Manuel
Música: Vital D`Assunção!
https://www.youtube.com/watch?v=dP_79N9IPGQ
Silêncio... Hoje morreu um poeta
E a carne morreu esquecida
Como esquecida viveu
Silêncio... Hoje morreu um poeta
Que espalhou rimas de vida
Nos poemas que escreveu
Fez rimar terra com pão
Emigrante com fronteira
E rimou humilhação
Com repulsa e bebedeira
Fez um berço de poesia
Bem na ponta dos seus dedos
Rimou dor com alegria
E criança com brinquedos
Fez rimar ponte com rio
Pescador com tempestade
Rimou estiva com navio
Grilhetas com liberdade
Na inspiração maior
Que um verso pode conter
Rimou amor com amor
E ternura com mulher
----------------------------------------------------
Não te menti
Autor: Moita Girão
Música: Fado Alberto – Miguel Ramos – Viola – 1901-1973
https://www.youtube.com/watch?v=d-jfW9sbSjw
Alguém te foi dizer que adoro o fado
Pensei que não te dessem novidade
Pois quando aprofundaste o meu passado
Com franqueza te expus toda a verdade
Recordas certamente de eu dizer
É fado esta tristeza que me dói
É fado o meu cantar, o meu sofrer
E é fado, esta saudade que me dói
É fado, o meu beijar o meu carinho
É fado, o meu sorriso o meu perdão
E até este passar no teu caminho
É fado, podes crer meu coração
Eu dava-te razão se te mentisse
Pedia-te perdão logo em seguida
Mas já cantava o fado, quando disse
Que eras tu o grande amor da minha vida
-----------------------------------------------------------------------------------Não vale a pena
Autor:
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=ctp6jEbljpE
Quis seguir-te a vida inteira
E fugiste ao meu carinho
Hoje resta-me a poeira
Que deixaste no caminho
E nessa nuvem tão escura
Envolvi os sonhos meus
E jurei que nunca mais
Seguirei os passos teus
Não vale a pena, portanto
Voltarmos ao tempo antigo
Já basta para meu castigo
O saber que te quis tanto
Por favor deixa-me só
Nesta dor que me condena
Se entre nós tudo acabou
Recordar o que passou
Não vale a pena
Não vale a pena lembrar
Os momentos que perdi
E jamais quero pensar
Que um dia pensei em ti
Ouve a chamar-me á razão
Hoje o remorso me acena
Mas perdoar-te, é que não
Agora, não vale a pena
------------------------------------------------
Névoa
Autor: Torres da Silva
Música: Fado Proença - Júlio Proença – Fadista – 1901-1970
https://www.youtube.com/watch?v=OwvgBbnMlaw
Quem sabe se já morri
Ou se fiquei preso a ti
Numa praia ainda á espera
Que de um denso nevoeiro
Possa inventar-se em Janeiro
Um dia de primavera
A tua saudade levo-a
Agarrada àquela névoa
Que nos deixa ficar sós
Eu um rio á minha sorte
A correr cego e sem norte
Sem saber se tenho foz
E tu que és só um adeus
Faz dos meus olhos os teus
Do meu coração o teu
E diz-me que eu não me lembro
Se posso ver em Dezembro
Um dia quente de verão
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Nossa Senhora do Fado
Autor: Hortense Viegas César
Música: Fado Vianinha (Ave-Maria) Francisco Viana – Fadista-Guitarrista – 1895-1945
https://www.youtube.com/watch?v=9V77dTJSDaM
Quando a noite se avizinha
E aceito que alguém me ajude
Vou rezar à capelinha
Da Senhora da Saúde
Uma música velada
Se desprende em ascensão
Essa mística toada
Mais convida à oração
E rezo por quem padece,
Por todos, por mim também
Seja ouvida a minha prece,
Ó Maria, minha mãe!
Peço e espero que me assistas
E aqui fica o meu recado
Guarda e protege os Fadistas
Nossa Senhora do Fado!
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Olhar divino
Autor: Moita Girão
Música: Fado Nóquinhas ( Fernando de Freitas – Guitarrista – 1913-1988 )
Eu nunca tinha visto, uma mulher tão bela
E por não entender, caprichos do destino
Sentia perto o céu, se falava com ela
E perdi meu olhar, no seu olhar divino
Nas nossas relações, só havia amizade
Depois a pouco e pouco, um grande amor nasceu
Mas quando percebi, a sua falsidade
Risquei-a do meu peito, e para mim morreu
Houve a separação, e na hora de abalar
Do que é seu nada quis, e foi melhor assim
De tudo o que era meu, só lhe deixei ficar
Uma velha moldura, e um Cristo de marfim
Talvez ela me julgue, um mal-intencionado
Dei-lhe pouco bem sei, mas fi-lo por pensar
Que ela sabe rezar, e também canta o fado
E a hora da saudade, um dia há-de chegar
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Olhos turvos
Autor:
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=Bo1AYOG8sBg
Que paixão voraz me abrasa
Por temer o teu adeus
Meu peito é tua casa
Marcado por beijos teus
Se é lascivo o teu amor
Isso só, para mim é pouco
Como a terra prende a flor
Preso a ti, eu ando louco
Mesmo que mintas, e que não sintas amor por mim,ai
Diz que me amas, e que me chamas, até ao fim
O amor é luz, que o céu produz, para quê sofrer
Mesmo que vás, que vás em paz, hei-de viver
Ao ver fixo o teu olhar
No passado, ou no futuro
Sou capaz até de amar
O que vês, por Deus te Juro
É um inferno não dormires
Nos teus braços, eu desperto
Tenho medo que suspires
E que eu, não esteja perto
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O segredo da freira ( Poema original )
Autor: Armando Neves
Música: Fado Freira ( Miguel Ramos )
https://www.youtube.com/watch?v=gKLBle7kt-8
Na cela do seu convento
Rodeada de roseiras
E onde entrara nova ainda
Sem um ai sem um lamento
Entre tantas lindas freiras
Morrera a freira mais linda
Era tida como santa
E a sua graça era tanta
De tão ingénuo sentir
Que no seu catre deitada
A freira santificada
Deixara a vida a sorrir
A todos dizia ela
Que nunca amara na vida
Homem algum pelo visto
Sozinha na sua cela
Em orações recolhida
Apenas amara Cristo
Logo que a freira morreu
A abadessa apareceu
Para em tais termos dizer
Ponham-lhe nas mãos em cruz
A medalha de Jesus
Que ela beijou ao morrer
Mas quando uma freira absorta
Ao acercar-se da morta
Nessa medalha tocou
Pôs-se a gritar Deus nos valha
Não é de Cristo a medalha
Mas do homem que ela amou
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Procura vã
Autor: António Rocha
Música: Fado Maria Rita (Armando Machado – viola – 1899-1974)
https://www.youtube.com/watch?v=8rsZBFtZdbs
Andei á tua procura
Na rua do esquecimento
Procurei, mas não te vi
Nessa noite fria e escura
Ouvi apenas o vento
Que me veio falar de ti
Não sei se o vento mentiu
Ou me disse com verdade
Coisas que nem adivinhas
Pois contou-me que te viu
Na travessa da Saudade
E tinhas saudades minhas
Fui lá mas não vi ninguém
Apenas a voz do vento
Me deixou triste e surpreso
Porque te viu com alguém
Nesse preciso momento
Junto ao beco do desprezo
Cansado de procurar
Ruas e ruas em vão
E tu sem nunca apareceres
Resolvi então esperar
No largo da solidão
Podes vir quando quiseres
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Quando a Severa morreu
Autor:
Música: Fado Modesto (Júlio Proença – Fadista – 1901-1970)
https://www.youtube.com/watch?v=BoE8sQIJmNs
Noite fagueira, S. João na Mouraria
Uma fogueira, arde no largo da Guia
Chegam tipóias, com fidalgos e ciganas
Riem pinóias, com a graça do Timpanas
Sobem balões, tem mais brilho a luz da lua
E os alegres foliões, cantam nas margens da rua
Geme a guitarra, com emoção tudo espera
Falta chegar a Severa, com sua graça bizarra
Mas já no largo, a fogueira se extinguia
Destino amargo, Severa não mais viria
Aquela hora, nos braços do seu amado
Cantava agora, o seu derradeiro fado
Tangem os sinos, na capelinha da Guia
E dois anjos pequeninos, desceram á Mouraria
Amanheceu, e a voz do fado calou-se
E a própria lua ocultou-se, pra ver Severa no céu
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Quando me sinto só
Autor: Artur Ribeiro
Música: Fado Alexandrino de Joaquim Campos (Joaquim Campos – Fadista – Ferroviário – 1911-1981)
https://www.youtube.com/watch?v=S_EdBl5oQH0
Quando me sinto só, como tu me deixaste
Mais só que um vagabundo, num banco de jardim
É quando tenho dó, de mim e por contraste
Eu tenho ódio ao mundo, que nos separa assim
Quando me sinto só, sabe-me a boca a fado
Lamento de quem chora, a sua triste mágoa
Rastejando no pó, meu coração cansado
Lembra uma velha nora, morrendo á sede de água
Para que não façam pouco, procuro não gritar
A quem me pergunta minto, não quero meter dó
Num egoísmo louco, eu chego a desejar
Que sintas o que sinto, quando me sinto só
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Quadras soltas
Música : Fado corrido
https://www.youtube.com/watch?v=eAjH0iOyq5c
Nasci á beira de um rio
Cresci á beira do mar
Á proa deste navio
Onde aprendi a cantar
Se o fado por condição
É ter a alma perdida
Eu trago o meu coração
Na condição desta vida
Sempre que um amor partiu
Outro amor aconteceu
Mas dentro do coração
Nenhum amor se perdeu
Trago a saudade esquecida
Nesta saudade de amar
Tenho saudades da vida
Que me obrigou a cantar
Bendita seja a ternura
Deste pranto onde naufrágo
Que fado é esta loucura
Que fado é este que trago
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Qualquer coisa que me anima
Autor: Maria João Dâmaso
Música: Fado Cuf ( Alfredo Marceneiro)
https://www.youtube.com/watch?v=mD75ggF_umw
Em ti há qualquer coisa que me anima
Há qualquer coisa em ti que transcende
Que me queima as palavras que não rima
Em ti há qualquer coisa que me prende
É qualquer coisa imensa vem de cima
E desce sobre mim quase me ofende
Meus sentidos domina e desanima
Mas a minha vontade não se rende
A vontade é a fé no meu peito
Mais feroz que ânsia de saudade
Mais pura que o olhar com que te enfeito
Mais forte do que a força da verdade
E se a minha vontade me seduz
Maior do que o orgulho e a verdade
Só ela é que me acalma e me reduz
Só ela me transporta á realidade
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Quero ir á minha terra
Autor : José Luís Gordo
Música : Carlos Macedo
https://www.youtube.com/watch?v=l7EoY2vn27Y
Óh terra, óh gente, óh saudade
Quero voltar pra viver
O tempo da mocidade
Da vontade de te ver
Ver os campos verdejantes
Os rios levando esperança
Ver tudo como era dantes
E ser de novo criança
Refrão
Quero ir á minha terra
Quero ver a minha gente
O som dos sinos na serra
Aromas que a gente sente
Quero ir á minha terra
Quero ver a minha gente
O som dos sinos na serra
Aromas que a gente sente
O meu pai chegava tarde
Com vinho verde nos olhos
Duas lágrimas meninas
Com sete saias de folhos
Á luz da lareira acesa
Minha mãe fazia meia
E as agulhas da tristeza
Ganhavam a nossa ceia
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Rosa da Madragoa
Autor : João Dias
Música : Moniz Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=bb1oTyYhzLQ
No Bairro da Madragoa
Á janela de Lisboa
Nasceu a Rosa Maria
Filha de gente vareira
Foi criada na ribeira
Entre peixe e maresia
Flor mulher aquela rosa
Era a moça mais airosa
Que a lota já conheceu
E toda a malta do mar
Suspira ao vê-la passar
De chinela e perna ao léu
Estribilho
Lá vai a Rosa Maria
Que é a alegria desta ribeira
Ouve e ri à gargalhada
Qualquer piada por mais brejeira.
Vai bugiar meu menino
Não deites barro à parede
Que esta rosa é peixe fino
Para as malhas da tua rede
O jovem Chico fateixa
Já jurou que não a deixa
Pois a paixão é teimosa
E é de tal modo a cegueira
Que deu á sua traineira
O nome daquela rosa
E a Rosa da Madragoa
Ao ver escrito na proa
Seu nome Rosa Maria
Ergueu os braços ao Chico
Começou o namorico
E vão casar qualquer dia
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Sem sentido
Autor: Manuela de Freitas
Música: Fado Rosita - Joaquim Campos - Fadista 1911-1981
https://www.youtube.com/watch?v=7m2nAqjbUb4
Naquela noite sem lua
Talvez por andar perdido
Entrei pela tua rua
Em sentido proibido
Tentei fazer marcha atrás
Mas disseste divertida
Que o sentido tanto faz
Se a rua não tem saída
Começando a sentir frio
E sendo já noite morta
Ao ver um lugar vazio
Estacionei á tua porta
Que sentido tão perverso
Teve essa noite sem lua
Andar em sentido inverso
Pra acabar na tua rua
Se faz sentido eu não sei
Mas não estou arrependido
Do sentido que encontrei
Nessa noite sem sentido!
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Sete gritos
Autor: José Luís Gordo
Música: Fado Três Bairros – Casimiro Ramos – Guitarrista – 1901-1973
https://www.youtube.com/watch?v=Be5IcrGHgUg
Trago dentro do meu peito
Sete espadas, sete ventos
Sete nós de sofrimento
Sete dias de pecado
Sete amores no esquecimento
Em sete versos de fado
Morre por dentro de mim
Esta tristeza sem fim
Esta angústia sem verdade
Este sofrer sem guarida
Onde me esqueço da vida
Sem dar vida á minha idade
Sete palavras me calam
Outras sete que não falam
Em sete gritos, razão
Será que o tempo as matou
E nem uma se finou
Dentro do teu coração
Trago dentro do meu peito
Sete espadas, sete ventos
Sete nós de sofrimento
Sete dias de pecado
Sete amores no esquecimento
Em sete versos de fado
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Tudo me deixa
Autor: Moita Girão
Música: Fado João Maria dos Anjos (João Maria dos Anjos-Fadista-1891-1956)
https://www.youtube.com/watch?v=ARirvUddje4
Disse-te adeus, por engano
Passam meses, morre um ano
Tanta saudade meu Deus
Não pode haver mais tristeza
Que trazer a vida presa
Á tristeza de um adeus
Já não tenho onde me acoite
Ando a vaguear na noite
Grito e ninguém me responde
Só oiço gemer o vento
Baladas de sentimento
Que o vento traz não sei de onde
Ando sem luz no caminho
Sem afagos, sem carinho
Ninguém ouve a minha queixa
O vento calou-se agora
Na tristeza desta hora
Até o vento me deixa
Já lá vem o sol, regressa
Volta que eu faço a promessa
De te mostrar novos céus
Meu amor podes voltar
Que enquanto a vida durar
Nunca te direi adeus
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Veio a saudade
Autor : Jorge Barradas / António Campos
Música :
https://www.youtube.com/watch?v=Mt5wXKqCqTI
Já estou sentindo
O frio da despedida
Pouco a pouco a minha vida
Vai perdendo claridade
Já estou sentindo
A amargura dessa hora
Ainda não foste embora
Já estou sentido saudade
Já estou sentindo
A distância dos teus passos
O calor dos teus abraços
Já pouco me aquece agora
Teus olhos frios
Quando se encontram nos meus
Já desenham um adeus
De quem está pra ir embora
Refrão
Os ventos vão mudar
Os dias vão passar
Desfeitos em saudade
Do banco da tristeza
Já vejo com clareza
Chegar a tempestade
O sol vai-se afastando
A noite vai chegando
Trazendo a solidão
A neve vai cair
A terra vai sentir
A flor cair ao chão
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Título : Zé Grande
Autor : Carlos Conde
Música . Fado Zé Grande - Raúl Pereira (fadista)
https://www.youtube.com/watch?v=wQCa_P7F6N0
O Zé Grande um cocheiro de rotina
Muito embora vergado pela idade
Falou-me agora mesmo ali á esquina
Da travessa do Poço da Cidade
Fiz praça no Rossio, na Horta Seca
Andei noites inteiras com rambóias
Corri os arrabaldes, seca-e-meca
Com as melhores parelhas e tipóias
Levei muitos brasões fora de portas
Fadistas á abertura do bom vinho
Cantoras do S.Carlos para as hortas
E coristas para as cheias do Charquinho
Conduzi o Ginguinha e o Janota
Ao Zé da Basalisa muita vez
Levei damas da alta á Porcalhota
E ciganas á feira das Mercês
Depois de rebuscar algum dinheiro
Resolveu afogar uma saudade
E pediu três do lote ao carvoeiro
Da travessa do Poço da Cidade